Uma porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou, neste sábado, em Genebra, que o terremoto no Haiti é o pior desastre que a ONU já enfrentou em sua história.
"Esse é um desastre histórico. Nós nunca fomos confrontados com esse tipo de desastre na memória da ONU. É como nenhum outro", disse Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da Organização.
De acordo com ela, a dificuldade ser deve aos problemas de logística por conta do colapso do governo local e da completa destruição da infraestrutura - o aeroporto está saturado, as ruas bloqueadas, os hospitais têm poucos ou nenhum médico e poucas construções suportaram os tremores.
Byrs comparou o desastre com o tsunami que atingiu a Indonésia em 2004 e afirmou que a situação em Porto Príncipe é "tão ruim quanto ou pior"..
"O desastre é enorme e tão enorme quanto foi o tsunami, talvez pior porque todo o país foi decapitado, os prédios do governo desmoronaram e nós não temos o apoio da infraestrutura local. Na Indonésia nós tínhamos pelo menos o apoio de algumas autoridades locais", disse.
Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, lançou um apelo à comunidade internacional para arrecadar US$ 550 milhões para ajudar ao Haiti.
Ban deve chegar ao Haiti no domingo para acompanhar os esforços humanitários em Porto Príncipe.
A porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Haiti, Myrta Kaulard, disse que a agência espera atender cerca de 40 mil pessoas.
Apesar disso, Kaulard disse reconhecer que cerca de 1 milhão precisam de ajuda em Porto Príncipe. Segundo ela, a situação de segurança é "estável" na capital haitiana.
EUA
Neste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também lançou um apelo pedindo que os americanos "façam sua parte".
Ao lado dos ex-presidentes George W.Bush e Bill Clinton, Obama disse que o país estava lançando um dos maiores esforços de ajuda humanitária da história.
Obama anunciou Clinton e Bush liderarão os esforços para arrecadar fundos para ajudar o Haiti.
"Os presidentes Bush e Clinton ajudarão o povo americano a fazer a sua parte. Porque responder ao desastre deve ser um trabalho de todos nós", afimrou.
"Nos próximos dias, eles pedirão que todos que façam o que puderem - indivíduos, corporações, ONGs e instituições", disse.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, chega ao Haiti ainda neste sábado para avaliar os estragos e demonstrar ao povo haitiano a "solidariedade e apoio" dos EUA. Clinton deve se encontrar com o presidente haitiano, René Préval, e outras autoridades americanas que já se encontram em Porto Príncipe.
Devastação
Neste sábado, o ministério do Interior do Haiti afirmou que o governo já havia coletado 50 mil corpos. Esse número não inclui os corpos recolhidos pelas agências internacionais que trabalham em Porto Príncipe.
"Nós já recolhemos cerca de 50 mil corpos. Nós antecipamos que teremos entre 100 mil e 200 mil mortos no total, mas nunca saberemos o número exato", disse o ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, à agência Reuters.
Já o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, afirmou à agência de notícias Associated Press que "um total final de mortos de 100 mil parece ser o mínimo".
A ONU estima que cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas devido ao terremoto.
Agências ligadas à organização acreditam que 3,5 milhões de pessoas no país estão dependendo de ajuda humanitária para sobreviver.
A organização afirma que uma em cada dez casas da capital, Porto Príncipe, foi destruída pelo terremoto de magnitude 7.
Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha sugere que cerca de 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram destruídos no terremoto que abalou o Haiti.
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário