sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ideb mostra melhora na educação


Brasília (ABr) - O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) subiu de 4,2 pontos em 2007 para 4,6 em 2009, segundo divulgou ontem o Ministério da Educação (MEC). O resultado supera em 0,4 ponto a meta prevista para o ano passado (4,2). O indicador foi criado em 2005 e funciona como um termômetro da qualidade do ensino público. O Ideb varia de zero a dez e a meta é que o país atinja a nota 6 até 2022. O índice é aferido a cada dois anos e há metas estabelecidas para cada período. Ele é calculado com base na nota obtida pelos alunos na Prova Brasil e dos índices de reprovação. A meta prevista para as séries iniciais do ensino fundamental em 2009 era 4,2, resultado que já foi atingido em 2007. A nota 4,6 era a meta prevista para 2011.

O Ideb atribui uma nota para cada escola, assim como para as redes municipais e estaduais, que precisam cumprir metas bienais para melhorar a qualidade do ensino. É a partir dessas avaliações que é calculada a média nacional. O ministério também atribui um Ideb para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. Nas séries finais do ensino fundamental, o indicador subiu de 3,8 em 2007 para 4,0 em 2009. A meta para o ano passado era 3,7. Já no ensino médio, o crescimento foi menor. O Ideb passou de 3,5 em 2007 para 3,6 em 2009. Mas atingiu a meta prevista para o período, que era de 3,5 pontos. Na próxima semana o MEC vai divulgar o Ideb dos estados, municípios e escolas.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem que as metas do Ideb para as escolas e redes de ensino poderão ser revistas na próxima avaliação, já que os objetivos têm sido antecipados nas duas últimas edições do índice.

“Entendo que o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, responsável pela avaliação] pode convidar um grupo de pesquisadores para começar a avaliar a necessidade e a oportunidade de fazer isso agora”. Mas, segundo ele, as metas do índice não devem ser alteradas por enquanto. “Temos que ter um pouco mais de cautela, porque o esforço para melhorar é cada vez maior e vai exigir mais ciência, mais interação entre os entes federados para que possamos atingir os nossos objetivos”, disse.

Fernando Haddad afirma que país está no caminho certo


O Plano de Desenvolvimento da Educação estabelece a meta de que o Brasil atinja a nota 6 no Ideb até 2022 - média que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável à dos países desenvolvidos. Para Haddad, apesar de estar longe de suas metas, o país está no caminho certo.

“Temos condição de, mantido esse passo, cumprir a cada dois anos as metas de qualidade e chegar em uma situação confortável em 2021, quando teremos uma educação na qual a média de proficiência das crianças equivale à das crianças dos países mais desenvolvidos do mundo”, avaliou.

O Ideb mede a qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas com base na nota da Prova Brasil e nos índices de reprovação. No ano passado, a Prova Brasil foi aplicada nos anos iniciais do ensino fundamental em 5.467 municípios para 2,5 milhões de alunos. Nos anos finais, a prova foi apicada em 5.498 municípios para 2 milhões de alunos. Também participaram da avaliação 56,3 mil alunos do 3° ano do ensino médio em 750 escolas.

Haddad disse que o crescimento das notas do Ideb pode diminuir um pouco daqui para frente, mas isso já foi previsto pelo Inep. “Provavelmente observaremos daqui para frente um crescimento um pouco mais modesto nos anos iniciais, mais forte nos anos finais e no ensino médio, que vão colher o esforço que foi feito para que as crianças tivessem um aprendizado melhor”, avaliou. Segundo o ministro, o Ideb serve para combater as indústrias da repetência e da aprovação automática.

Em todos os níveis avaliados, o rendimento escolar, que mede a taxa de aprovação dos alunos, aumentou de 2005 para 2009. Também houve um aumento nas notas da Prova Brasil, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática.

Especialista diz que é preciso valorizar professor

Brasília (ABr) - O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, disse ontem que a parceria entre os municípios e a União é um dos grandes pontos responsáveis pelo crescimento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2009. Segundo ele, o índice é muito importante, mas ainda é insuficiente para melhorar a qualidade do ensino no país.

“A parceria entre a União e os municípios é a que mais contribui para um melhor nível nesse setor do ensino público. Além disso, as séries iniciais do ensino fundamental são as que mais recebem matrículas e profissionais.”

Em entrevista à Agência Brasil, Cara disse que para melhorar a qualidade da educação no país é preciso superar algumas questões. “Não é possível dar um salto nos índices sem antes melhorar o salário dos professores, sem ter acesso contínuo à internet e sem valorizar de alguma forma a profissão da educação”.

Cara aponta essas carências como um dos motivos para os baixos índices do ensino médio, que apesar de ter ficado na média, foi a área que apontou menor crescimento.

Forma

“O problema do ensino médio é que ele tem uma alta taxa de evasão e o Ideb é sensível a esse fenômeno. O que tem que acontecer é uma igual parceria entre ele [governo federal] e o Estado, como ocorre ente o ensino fundamental e os municípios. Dessa forma, os índices ficarão mais equilibrados. As prioridades devem ser as mesmas”, disse Cara.

Para o presidente-executivo do Movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves, é necessário trabalhar para que o ritmo de crescimento do Ideb não pare. “Cada degrau é mais difícil que o anterior. É preciso acelerar o ritmo e continuar com esse esforço para atingir a meta de 2022 de 6 pontos. Se foi difícil subir de 4,2 para 4,6 será ainda mais difícil chegar a 4,8 ou mais”.

Em entrevista à Agência Brasil, por telefone, Neves explicou que o Ideb foi uma estratégia nova de pensar a educação no Brasil porque incentivou escolas e municípios a adotarem métodos diferenciados para alcançar a qualidade. “Os números de hoje mostram que os municípios fizeram o dever de casa que os governos não fizeram anteriormente.”

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