Uma
pesquisa realizada com 62 mães em processo de amamentação na cidade de
Rio Verde (MT) revelou que 100% delas tinham agrotóxicos no leite
materno. O diagnóstico – assustador – feito pelo dr. Wanderlei Pignati e
pela mestranda da saúde Danielly Palma, da Universidade Federal do Mato
Grosso, faz parte do filme “O veneno está na mesa”, do documentarista e
cineasta Silvio Tendler, que denuncia o uso abusivo de agrotóxicos no
país. 80% das mães pesquisadas tinham DDE, que é proibido no Brasil há
mais de uma década, o que significa que elas consumiram e foram
impregnadas na infância ou há o uso clandestino do agrotóxico. O
documento lançado em agosto último é impactante, assustador, porém
providencial, para que o tema seja colocado no debate do dia. Em
entrevista à revista “Nordeste Vinteum”, editada no Ceará, Tendler fez o
alerta que os agricultores estão morrendo nas plantações, em
consequência de uma sociedade predatória que é capaz de matar em troca
de lucro. Ele revela que no campo a população é obrigada pelas
circunstâncias a conviver e manipular o veneno, o que gera muitas
doenças profissionais e mata. Na cidade, as pessoas consomem a comida
“envenenada”. O impacto na saúde reflete no orçamento do país. Tendler
revela que “as doenças profissionais consomem 50 milhões de reais por
ano dos brasileiros, o que equivale a 1,8% do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional.” Grande parte desse valor, segundo pesquisa, é destinada
para tratamento de vítimas de agrotóxicos. Um contraponto forte para a
tese de que a agricultura com agrotóxico é mais barata e rentável. O
Sistema Único de Saúde (SUS) paga a conta. O mais grave, alerta o
cineasta, é que o governo brasileiro não está fazendo nada. Os
fabricantes de agrotóxicos ditam as regras. Venenos que são proibidos na
China, nos Estados Unidos, na Europa e na África são permitidos no
Brasil, obrigando o brasileiro a viver numa sociedade que é capaz de
matar em troca de lucro. “Os transgênicos e os agrotóxicos são garantia
exigida pelos bancos para financiar a safra do agricultor. Nós comemos
comida podre porque os bancos pedem isso como garantia”, denuncia
Tendler.
Fonte:Coluna do Cesar Santos
do Jornal de Fato
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