Com 99% das urnas apuradas, o candidato governista Juan Manuel Santos foi eleito o novo presidente da Colômbia neste domingo, obtendo 69% dos votos contra 27,5% de seu adversário do Partido Verde, Antanas Mockus.
A maioria dos colombianos que foram às urnas optou pela continuidade das políticas do presidente colombiano Álvaro Uribe, que deixará o governo em agosto, após oito anos.
Ex-ministro da Defesa de Uribe, Santos foi eleito com pouco mais de 9 milhões de votos no segundo turno.
Pouco após a divulgação dos resultados, Mockus reconheceu a derrota e disse que seu partido terá uma relação de independência com o novo governo.
“Essa relação se resume em duas palavras, independência e deliberação. Apoiaremos o bom e nos oporemos ao que for mau (...) temos obrigação de fazer controle político ao novo governo”, disse.
“Somos milhões os que encontramos uma nova forma de fazer política. Defendemos a Constituição e a independência das instituições”.
Para o analista político Ricardo Ávila, a eleição de Santos “é uma vitória do uribismo”. Segundo ele, o número de votos conquistados por Santos poderá ampliar sua margem de manobra para tentar governar com “identidade própria”.
“Para ele é importante ter mais votos que Uribe, porque sentirá que apesar de ser o sucessor do presidente, tentará imprimir uma identidade própria no governo”, afirmou o analista à BBC Brasil.
Uribe foi eleito em 2002 com 53% dos votos e reeleito em 2006 com 62%.
Abstenção
A ONG Movimento de Observação Eleitoral (MOE) disse estar “preocupada” com a abstenção, que pode chegar a 57% do total de eleitores.
“Geralmente em segundo turno a abstenção cai. É a primeira vez que sobe em relação ao primeiro turno”, afirmou à BBC Brasil Ariel Ávila, analista do MOE.
Para Ariel Ávila, a diferença de mais de 5 milhões de votos em relação a Antanas Mockus dá mais “legitimidade” internacional que interna ao novo governo, depois dos escândalos que marcaram os últimos anos da administração Uribe.
“A coalizão de governo conquista uma legitimidade internacional importante. É uma vitória muito alta”, afirmou.
“Nacionalmente o panorama não muda muito. Um terço da população continua na oposição”.
As urnas foram abertas às 8h em Bogotá (10h em Brasília), com pouca presença de eleitores nas primeiras horas, tendência que se manteve durante todo o dia.
A forte chuva registrada em todo o país e jogos importantes da Copa, como a disputa entre Brasil e Costa do Marfim, teriam aumentado a apatia dos eleitores.
“As partidas do campeonato são agradáveis. O esporte une a humanidade, mas é muito mais agradável depois de ter votado, para cumprir com o dever democrático da eleição do novo presidente da República”, afirmou o presidente colombiano Álvaro Uribe, o primeiro eleitor a votar nesta manhã no centro de votação instalado na Praça de Bolívar, a poucos metros da casa de governo.
Violência
Neste domingo, sete policiais foram mortos em uma emboscada atribuída a rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN), no Departamento (Estado) Norte de Santander. As autoridades ainda não precisaram a quantidade de feridos que o ataque teria produzido.
Também neste Departamento, papéis de votação e urnas foram queimados em pelo menos três municípios, segundo a imprensa local.
Na madrugada deste domingo, um atentado contra uma torre de energia no Departamento de Nariño deixou ao menos três municípios sem eletricidade.
Em Tolima, três militares foram mortos em um enfrentamento com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), maior guerrilha em atuação no país.
No restante do país, as eleições transcorreram em relativa calma. Mais de 350 mil militares foram colocados nas ruas em todo o país para reforçar a segurança nos centros de votação.
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