terça-feira, 21 de julho de 2009

Garibaldi diz que campanha de 2006 consolidou antagonismo com Wilma


O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) atribuiu sua resistência em se aliar à governadora Wilma de Faria (PSB) ao “antagonismo” produzido pela eleição de 2006, em que ele perdeu para a governadora.“Eu tenho uma intuição, uma conclusão que a aliança em termos estaduais não funciona à despeito das eleições de 2006, que consolidou um antagonismo com relação à Wilma e uma afinidade com Rosalba Ciarlini (DEM) e com José Agripino (DEM)”, disse hoje (20) durante entrevista ao Jornal 96, da 96 FM.Apesar de se mostrar favorável à aliança com os democratas, o senador disse que só fechará questão no início do próximo ano à pedido do presidente do PMDB, deputado federal Henrique Alves.
Henrique Alves defende que a base de Lula se repita em solo potiguar na próxima campanha. "Quem olha o que está acontecendo hoje tem dúvidas, mas o que prevalece é a afinidade entre nós", disse, descartando a possibilidade de subir em um palanque sem seu primo.


Ele admitiu que para manter a unidade do partido, pode mudar de opinião. "Eu também não sou um oposicionista ferrenho (...) se o partido se coligar a outro, não vou me rebelar, não vou ser um dissidente. É a última coisa que eu desejo, porque isso só prejudicaria o meu partido, em primeiro lugar, a minha candidatura e o próprio Henrique, que é presidente do partido".
PTO senador se mostrou procupado com a ideia do PT em lançar nome próprio à vaga no Senado para compor "casadinha" com Wilma de Faria. "Isso não deixa de me preocupar. Candidato numa fase como essa se preocupa muito. Em política não há vácuo. Se o candidato não for do PMDB, claro que o PT vai se impor".

Atos secretos

Garibaldi acha que houve confusão na quantificação dos atos secretos, já que nem todos eram propositadamente escondidos.

"Não acredito em 600 atos secretos. Acho que houve uma falta de divulgação dos atos. Nessa primeira fase da apuração, foi uma confusão", afirmou, acrescentando que, depois de assinados, não há como fiscalizar se cada ato foi ou não divulgado pelo Diário Oficial do Congresso. "A burocracia é absolutamente fouxa".

Dos 663 atos agora descobertos, 96 foram assinados enquanto o potiguar era presidente da Casa.

Sarney
O senador brincou com a tentativa frustrada de continuar na presidência do Senado no início deste ano e as denúncias contra José Sarney (PMDB), que o substituiu no cargo. "Escapei. Você olha pra mim e vê que eu sou um sobrevivente".

Ele não quis falar sobre a possibilidade de disputar uma eleição caso o ex-presidente da República renuncie. "Acho que o pior já passou. Mas, falando no terreno das hipóteses, dessa vez eu pensaria duas vezes, até mais. Aquilo é uma vitrine. Para quem está às vésperas de uma eleição...".

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Diógenes Dantas - Há uma expectativa de união da base aliada do presidente Lula no Rio Grande do Norte em razão das eleições de 2010. Como estão as conversas?
Garibaldi Alves - As conversas estão um pouco paradas em função do recesso parlamentar, que provoca uma certa dispersão. Por outro lado, o deputado Henrique, que é o presidente do partido, fez um apelo para que nós não tivéssemos uma posição, pelo menos anunciada, até janeiro do próximo ano. Mas isso dependerá do encaminhamento das demais forças políticas.
DD - O PMDB tem alguma expectativa no sentido do anúncio do candidato da governadora Wilma de Faria? Garibaldi - No partido tem quem defenda aliança com a base da governadora, e naturalmente esse grupo está interessado em saber quem vai ser o candidato. Isso mexe com os outros partidos e consequentemente mexe com o PMDB, que ainda está indefinido.
DD - Dentro do PMDB existem duas correntes, uma mais pró-governo, liderada pelo deputado Henrique Alves, e outra mais independente, do qual o senhor faz parte. É isso que está posto hoje?
Garibaldi - Até agora, é. Mas o partido não vai poder marchar dividido. Ou pode até marchar, mas não é recomendável, não é o que deve acontecer. Daí porque eu concordei com Henrique que nós deveríamos adiar mais essa decisão para ver se encontramos uma convergência. Vamos processar ainda a consulta às bases, que ainda não sabemos como vai ser, se será só em termos de conversa ou s será mais formal. O partido deve se pronunciar antes da convenção.
DD - Nas eleições municipais de Natal, houve essa aliança entre PT, PMDB e PSB. Por que o senhor resiste tanto a uma aliança com a governadora?
Garibaldi - Eu tenho assim uma intuição, uma conclusão que às vezes eu discuto com companheiros do partido que a aliança em termos estaduais de 2006 não funcionou à despeito de eu ter perdido a eleição. Ela consolidou um antagonismo com relação ao governo e uma afinidade com relação à Rosalba e a José Agripino. E Rosalba passou a ser, com a eleição no Senado, cogitada para o governo do Estado. Por outro lado, eu me insurgi contra a participação do PMDB no governo porque não poderíamos nos comprometer com um governo em que o bonde já estava andando e além disso um governo que não estava à altura da expectativa nossa.
DD - A campanha do Senado também promete ser muito acirrada. Isso não pesa contra uma aliança com Wilma de Faria e até mesmo com José Agripino?
Garibaldi - A disputa será muito acirrada e você tem até que ter uma atitude de respeito aos outros dois candidatos. Não cabe na cabeça de ninguém desprezar a força política da governadora nem a força política do senador José Agripino. Por isso, estou realmente agindo com muita cautela tendo em vista que tenho a responsabilidade de ser o candidato majoritário do PMDB.
DD - O PMDB pode ter candidato ao governo?
Garibaldi - Tudo indica que não. Eu não pretendo ser candidato a governador. Se Henrique também não acena com uma candidatura, o partido vai optar por apoiar uma candidatura de outro partido.
DD - Se Michel Temer (PMDB) for candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), até que ponto isso pode influenciar uma decisão sua?
Garibaldi - Isso preocupa a mim pelo fato de termos que enfrentar novamente aquele quadro de não sintonia entre o que está sendo visto aqui e o que está sendo visto lá no cenário nacional. De qualquer maneira, é difícil você ter esse antagonismo. Não deixa de ser um desafio você lidar com essas situações. Mas prevalece a afinidade que eu tenho com Henrique e que ele tem comigo.
DD - O senhor disse que quem aposta que vocês estarão em palanques diferentes, aposta errado.
Garibaldi - Quem olha hoje o que está acontecendo tem dúvidas, e tem razão em ter dúvidas (risos).
DD - Até que ponto há possibilidade de o PMDB se aliar ao DEM?
Garibaldi - Acredito que possa ocorrer. Não é fácil em razão de tudo isso que nós falamos até agora. Acredito porque as afinidades entre mim e Henrique são muito grandes e nós podemos entrar em um consenso. Eu também posso... Se o partido firmar uma aliança com alguém de outra coligação, não digo que vou me rebelar contra o partido. Não vou romper, ser um dissidente. Isso é a última coisa que eu desejo, porque só prejudicaria o partido em primeiro lugar, e a minha própria candidatura. Acho que vamos chegar a uma unidade mesmo que isso signifique um sacrifício para mim, ou para Henrique.
DD - A possibilidade de o PT lançar candidatura própria ao Senado o preocupa? Garibaldi - Sim, isso me preocupa. Candidato numa fase como essa se preocupa muito. Isso eu acho natural. Em política não há vácuo. Se o PT vir ali um vácuo, claro que ele vai querer ocupar. Mas acredito que haja uma expectativa que o PMDB vá indicar a candidatura a Senador.
DD - Quando o PMDB vai anunciar seus candidatos?
Garibaldi - No início do próximo ano de acordo com o apelo de Henrique Alves.
DD - Como o senhor entende essa descoberta dos mais de 600 atos secretos durante os 14 anos de gestão do potiguar Agaciel Maia na diretoria do Senado?
Garibaldi - Nessa primeira fase da apuração eu questiono muito quais são esses 600 atos secretos. Acho que houve uma confusão. Foram catalogados da minha administração 96, sendo que 80% assinado pelos diretores. O que se acha que houve foi uma falta de divulgação dos atos. Depois das assinaturas, não tinha ninguém ali para fiscalizar se aquele ato tinha ou não sido divulgado no Diário Oficial do Congresso. A burocracia é absolutamente frouxa.
DD - Os desmandos do Senado vieram a público com a eleição do senador José Sarney. Foi um erro elegê-lo?
Garibaldi - Você sabe que eu era candidato ao cargo, mas havia sempre a dúvida se eu podia me eleger já que estava concluindo o mandato de Renan Calheiros (PMDB). Sarney dizia que não queria, parece que estava adivinhando. Ele dizia que o problema jurídico, se politicamente nós tivermos êxito, antes da sua eleição não vai haver questionamento, e depois o político vai superar o jurídico.Contei essa história para dizer que ele teve chance de não ser candidato, seria poupado de tudo isso que esta aí.

DD - E se fosse o senhor? Não escapou de uma boa? Garibaldi - Escapei. O senhor pode olhar para mim e ver que eu sou um sobrevivente, tenho cara de sobrevivente. Agora, o que se diz lá é que isso tudo apareceu em função da disputa que houve.
DD - O pior já passou para ele?
Garibaldi - O pior já passou. Mas às vezes o doente escapa de uma doença que parece terminal e depois é acometido por outra que não parece ter as características da primeira. O pior eu acho que já passou.
DD - Em caso de renúncia, o senhor voltaria a presidência do Senado?
Garibaldi - Dessa vez eu vou pensar duas vezes, acho que até mais...

DD - Aquela cadeira parece ser maldita...
Garibaldi - Você está criando uma hipótese. Poderia até aceitar, dependendo das condições que forem criadas. Agora, que hoje é um desafio enorme, é. Um senhor abacaxi. Uma vitrine, para quem está às vésperas de uma eleição...

Fonte: Blog do Diógenes Dantas

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