quinta-feira, 30 de julho de 2009

Caern desperdiça diariamente cerca de 108,7 milhões de metros cúbicos de água



A Caern desperdiça diariamente cerca de 108,7 milhões de metros cúbicos de água, segundo estimativa da Associação de Empresas de Saneamento Básico Estadual, o que corresponde à metade da água tratada diariamente. A média está dentro do percentual do resto do Brasil. Apesar dos esforços da Companhia, a Caern é o maior responsável pelo desperdício da água no RN, com boa parte da rede sem instrumentos de medição, além dos constantes vazamentos.
De acordo com estimativas da própria Caern, existem, apenas em Natal, cerca de 50 mil ligações sem medição, das 180 mil existentes. Isso significa o seguinte: a Companhia cobra uma taxa fixa pela água, que pode ser maior ou menor do que realmente é gasto. Dessa forma, não há como precisar o total de dinheiro que escorre pelo ralo junto com a água desperdiçada. O fato levou o Conselho Municipal de Saneamento Básico de Natal a incluir na resolução que reajustou em 14,12% as tarifas de água duas metas a serem cumpridas pela Caern.
Primeiro, o déficit de hidrometração (medição de água) para os chamados grandes consumidores deve cair 50%. Em segundo lugar, a cobertura deve aumentar 30%. As duas metas têm como prazo final o dia 30 de abril de 2010. A proposta inicial da Agência Reguladora do Saneamento Básico de Natal – Arsban era de um aumento da cobertura de 40%, mas a Caern afirmou que o percentual era impossível de ser alcançado. Contudo, a Assessoria de Comunicação da Companhia informou que, dos 50 mil hidrômetros necessários para tornar a cobertura plena, a Caern já possui 15 mil e está em processo de aquisição de mais 30 mil. Caso sejam instalados, o nível de cobertura chegará a 95%.
A outra ponta da questão é o número de vazamentos na rede. Não é difícil encontrar pela cidade de Natal canos estourados e vazamento de água tratada pelas ruas. Na manhã de ontem, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu algumas ruas e avenidas da cidade e encontrou três pontos de vazamento. Um, maior e mais preocupante, na avenida Hermes da Fonseca, em frente ao 16o. Batalhão de Infantaria Motorizada. Lá, a água já escorria e seguia avenida abaixo por todo o quarteirão. Em Capim Macio, a tubulação foi quebrada pela obra de saneamento do bairro, na última quarta-feira. Eram 11h quando os trabalhadores da obra tentavam debelar o vazamento, após um dia de desperdício de água. O último vazamento, de menor porte, era na Avenida das Alagoas.
Numa menor escala, o desperdício pelo próprio consumidor também é uma variável desta equação. “O desperdício acontece pela falta de medição e vazamento, mas também pelo consumidor, que muitas vezes não tem cuidado, lavando calçadas com a torneira aberta, aguando o jardim, etc”, explica o engenheiro sanitarista João Rafael, que é membro do Conselho Municipal de Saneamento Básico. Segundo a própria Caern, o maior índice de desperdício acontece na distribuição da água, e não pelo consumidor final. “Os problemas de distribuição também acabam por incentivar o consumo desenfreado. O cidadão sabe que não vai ser cobrado, que não vai pagar pelo consumo e não tem o menor cuidado”, encerra João Rafael.


Fonte: Tribuna do Norte

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