terça-feira, 30 de agosto de 2011

Caravana da Saúde mede nível de ruído em escolas para prevenção de problemas vocais

Problemas vocais estão entre as principais causas de afastamento de professores das salas de aula de todo o país. O uso excessivo da voz, somado a longas jornadas de trabalho, geram condições favoráveis ao aparecimento de doenças, principalmente, quando não se tem os cuidados necessários no dia a dia. E sintomas simples, como uma rouquidão ou cansaço, podem evoluir para sérias alterações vocais, que exigirão tratamentos delicados, como cirurgias e terapia para reabilitação, e conseqüentemente tempo e repouso deste ocupado profissional.




Alerta a essa questão, o projeto Caravana da Saúde Escolar, desenvolvido através de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), Secretaria Municipal de Educação (SME) e o Instituto Pedro Cavalcanti (IPC) realiza, desde 2009, visitas anuais a todas as instituições de ensino fundamental e médio da rede municipal de Natal, para a realização de orientações e exames vocais com os docentes.



  
Cada visita dura em média uma semana e, nela, todos os professores passam por consultas com fonoaudiólogas e otorrinolaringologistas, para a avaliação da qualidade vocal e presença de lesões, por meio dos exames de espectrografia vocal e laringoscopia. Além disso, são distribuídas cartilhas educativas, que mostram exemplos de mau uso da voz e citam estratégias de como evitar o desgaste vocal em sala de aula.




“Na primeira vinda do projeto, meus exames apresentaram uma rouquidão e cansaço vocal e o pessoal me explicou que era justamente devido ao uso excessivo da voz e me orientou sobre a importância de adoção de hábitos simples, para a prevenção de problemas, como a hidratação constante, com água em temperatura ambiente, a até a escolha da roupa adequada para o trabalho”, conta a professora e coordenadora da Escola Municipal Josefa Botelho, Gerlane Fernandes da Silva. 





“Muitas vezes o professor até já leu sobre o tema, mas não dá a devida importância e, quando tem a orientação de um especialista, presta mais atenção. Então, é muito bom que projetos como esse sejam realizados permanentemente”, destaca a professora da Escola Municipal Antônio Campos, Fabiana Silva de Barros.   



Outra preocupação da Caravana é com o nível de ruído ambiental nas escolas, que pode ter efeitos diretos na saúde de professores e alunos. Para isso, o projeto realiza pareceres audiológicos em cada umas das instituições visitadas, através de um aparelho chamado decibelímetro. Nas medições, feitas em situações reais de aula, são observadas questões, como a presença de janelas, ventiladores e saídas de ventilação nas salas. Todas as análises são organizadas em forma de relatórios, para o possível uso em planejamentos, por parte de gestores, e para pesquisas na área de saúde.




“Quanto maior o ruído, maior será a dificuldade do aluno em entender as explicações e o esforço vocal feito pelo professor. Fazemos os exames e a medição é um complemento, já que servirá de registro de informações e até de direcionamento para o que deve ser abordado nas orientações”, destaca a fonoaudióloga Lilian Arruda.




Os atendimentos também são estendidos à equipe de apoio, como coordenadores, diretores, vigias, auxiliares de limpeza e merendeiras, que não estão em sala de aula, mas também utilizam bastante a voz no contato diário com as crianças. Todos os procedimentos são oferecidos no próprio espaço das escolas, facilitando o acesso aos especialistas e evitando que os funcionários tenham que se ausentar das atividades, para cuidar da saúde vocal.




E o objetivo é não só a prevenção e identificação precoce, mas a cura e tratamento de problemas. Por isso, no caso do diagnóstico de alterações vocais, os pacientes recebem o encaminhamento para a realização de procedimentos complementares na sede do Instituto Pedro Cavalcanti e, quando necessário, também para cirurgias e acompanhamento.  



 Saúde dos alunos

O projeto prevê também a avaliação audiológica e visual dos estudantes, com o intuito de resgatar a diminuição dos índices de evasão e repetência escolar na capital. Às crianças e adolescentes matriculadas nas instituições visitadas, são oferecidas consultas com fonoaudiólogas, otorrinolaringologistas e oftalmologistas e realização de exames como audiometria, impedanciometria, otoscopia, auto-refração e acuidade visual.



Com quase dois anos de existência, a Caravana da Saúde Escolar já realizou mais de 17 mil atendimentos. Na próxima quarta-feira (31), o projeto estará na Escola Municipal Santa Catarina, 18° instituição visitada somente neste ano de 2011.

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