quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

[serido] Que Desenvolvimento Sustentável no CE e que querem implantar no RN é este?‏

APODI: Pesquisador diz que Distrito Irrigado é inviável em todos os sentidos


APODI: Pesquisador diz que Distrito Irrigado é inviável em todos os sentidos
O distrito irrigado que o PMDB, através do DNOCS está querendo impor na Chapada da Apodi é inviável economicamente, tecnicamente e ambientalmente falando. Contraria todos os princípios da lógica, fere diretamente a vontade popular, o cidadão de Apodi.

A opinião é do professor/doutor João Abner Guimarães, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que foi convidado pelos pequenos produtores rurais de Apodi para auxiliá-los fazendo um estudo a respeito da possibilidade de irrigar a chapada.

Primeiro João Abner destacou que tecnicamente não tem como a Barragem de Santa Cruz ter água para irrigar 5, 9 ou 13 mil hectares em local nenhum e é por um fator simples e fácil de entender. A barragem tem capacidade de fornecer 4 metros cúbicos de água por segundo.

Sendo que destes 4, 1 é reservado a questão ambiental, o outro para abastecimento humano, ficando 2 metros cúbicos por segundo para irrigar na Chapada do Apodi. Observe que 2 metros cúbicos dão apenas para irrigar no máximo 2,5 mil hectares.

Ou seja, tecnicamente não é possível.

Do ponto de vista econômico, João Abner explicou que é economicamente inviável transpor água para uma altura superior a 60 metros. A Chapada do Apodi, para onde o PMDB quer impor, através do DNOCS instalar o distrito irrigado fica 80 metros de altura. Logo, o custo da energia para abastecer os canais deste distrito seriam bem altos.

Do ponto de vista ambiental e saúde pública, quem sustenta a tese é a também professora/doutora Raquel Rigotto, pesquisadora da Universidade Federal do Ceará. Ela disse que o veneno usado pelo agronegócio está matando as pessoas e no caso da Chapada do Apodi, seguindo o exemplo do distrito irrigado do Ceará, vai destruir a natureza.

É imoral e inaceitável o fato do DNOCS do PMDB está querendo desapropriar 150 pequenas propriedades, inclusive áreas de assentamento rural para entregar estas áreas para grandes empresas do agronegócio produzir frutas usando agrotóxicos.

Digamos que o PMDB consiga impor, através do DNOCS, a instalação do Distrito, será que o cidadão de Mossoró e também de todo o Alto Oeste sabe que vão pagar parte da energia usada pelas empresas de fruticultura que vão atuar no distrito, assim como acontece no assentamento “modelo” no Estado do Ceará?

A solução apresentada pelos pesquisadores e também dos agricultores de Apodi, é transpor os 2 metros de água por segundo disponível na Barragem para distritos irrigados na região da Varzea, beneficiamento também território do município de Caraúbas.
Se o PMDB insistir com este investimento de R$ 280 milhões, numa obra que vai prejudicar a todos e ainda, segundo João Abner, representa uma falência total do sistema de controle do Estado. “Como o IDEMA licenciou este distrito irrigado sabendo de tudo isto?”
Postado nomito.com          
Enviado hoje para meu e-mail pelo professor Joacir da UERN
Foto acima da Barragem de Santa Cruz do Apodi sangrando em epoca das chuvas em 2011. Sua válvula dispersora de água só libera 4.000 litros por segundo.

Vejamr o que aconteceu com o Projeto Modelo no Ceará

Ceará: Sangue e agrotóxicos na Chapada do Apodi...


Na região da Chapada do Apodi, divisa entre os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, a produção de frutas para o mercado interno e externo ocorre com grande contaminação do meio ambiente e das pessoas por uso de defensivos agrícolas. Grandes projetos de irrigação se instalaram na região desde os anos setenta, expulsando famílias camponesas e alterando substancialmente a paisagem local.

Nos últimos anos, este processo se intensificou. Novos grandes projetos de irrigação contaram com todo o financiamento público e com a construção de infra-estrutura (terra subsidiada, canais de irrigação, o açude do Castanhão, etc.). O agronegócio se expandiu na região contando com grandes incentivos do Estado, gerando super-exploração e precarização nas condições de trabalho, contaminação do meio ambiente e sérios prejuízos para a população.

Ao mesmo tempo, a resistência nasceu, com a chegada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da CSP-Conlutas e a organização de camponeses afetados e expulsos pelas obras, além do repúdio da população da região a aplicação intensiva de agrotóxicos em toda a região, até com o uso de aviões.

Na luta contra este modelo, o agricultor José Maria Filho, o Tomé, uma reconhecida liderança local, foi assassinado no dia 21 de abril de 2010 por pistoleiros. Tomé tinha este apelido por pertencer a comunidade com este nome, na cidade de Limoeiro do Norte, na região do Vale do Jaguaribe.

Para lembrar a data e denunciar a intensificação do processo de expropriação e contaminação, os movimentos sociais da região farão nesta semana uma intensa programação. As atividades são tocadas pelo “Movimento 21”, coalização de entidades que tem no nome a referência à data do assassinato de Tomé.

Programação em Limoeiro do Norte:

Dia 19:
Tarde: Encontro Estadual das Pastorais Sociais sobre os grandes projetos e seus impactos na vida do povo, no Centro Diocesano de Pastoral.

Noite: debate envolvendo comunidades em conflito com o uso de agrotóxico nas várias regiões do estado e lançamento do cordel sobre o uso de agrotóxicos. Local: Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam).

Dia 20:
Manhã: café comunitário no Centro Diocesano de Pastoral seguida de visita e panfletagem nos bairros de Limoeiro do Norte;
Caminhada na comunidade do Tomé;
Marcha pelo centro de Limoeiro do Norte;

Tarde: 16 horas, haverá concentração no local do assassinato de Zé Maria, na Chapada do Apodi; caminhada para o Tomé e inauguração do Memorial da Chapada.

Noite: Celebração Eucarística

Dia 21: II Plenária Regional da CSP-Conlutas, 9 h, na Sala de Multimídia da FAFIDAM com ato de homenagem e organização de calendário sindical;

Reivindicações do Movimento 21*

Terra: resolver a questão fundiária da região; destinação para fins de reforma agrária; Recuperação de áreas degradadas; políticas públicas de fortalecimento das comunidades camponesas em transição agroecológica; políticas de convivência no semi-árido; entrega imediata das áreas da segunda etapa dos perímetros irrigados para os pequenos agricultores e não para empresas estrangeiras;

Ar: criação da lei federal Zé Maria do Tomé proibindo a pulverização aérea de agrotóxicos nas plantações;

Água: Construção de Adutora e políticas de preservação do aqüífero Jandaíra (consumo e contaminação); garantir água de qualidade para o consumo humano em todas as comunidades da região;

Fogo: apuração do crime do Zé Maria do Tomé e punição dos responsáveis;

E MAIS:
- Pelo fim do decreto de Isenção de Impostos para comercialização de agrotóxicos no Estado do Ceará elevando as taxas de cobrança, como ocorre no cigarro;

- Por políticas de promoção da Saúde que garantam vigilância e atendimento de qualidade aos trabalhadores expostos aos agrotóxicos;

- Que os órgãos governamentais responsáveis pelo controle e fiscalização do uso de agrotóxicos (Conpam/Semace, Adagri, Crea, Secretaria de Saúde ) obedeçam e façam cumprir as leis sobre agrotóxicos e seus impactos na saúde e no ambiente.

*Entidades que integram o Movimento 21:
Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
CSP-Conlutas - Vale do Jaguaribe
Pastorais Sociais da Diocese de Limoeiro do Norte
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - Fafidam/UECE
Núcleo Tramas/UFC.

*Com informações do jornal O Povo, CSP-Conlutas (Vale do Jaguaribe) e MST-CE.

Nenhum comentário: